sábado, 21 de dezembro de 2019

OPINIÃO! «Mistério em Nine Elms», de Robert Bryndza

Autor: Robert Bryndza 
Edição: Alma dos Livros
Novembro de 2019
Isbn: 9789898999023

Sinopse:
"Kate Marshall era uma jovem e promissora detetive da polícia londrina quando apanhou o famoso assassino em série que operava na região de Nine Elms. Mas a sua maior vitória transformou-se de súbito num pesadelo devido a uma série de circunstâncias inesperadas. Traumatizada, traída e publicamente vilipendiada, Kate pouco pôde fazer enquanto via a sua carreira ser julgada na praça pública.

Mais de quinze anos passados desde esses acontecimentos, embora o seu tempo na polícia esteja ainda bem presente, vive agora uma vida tranquila numa cidade pacífica da costa inglesa. Um dia, porém, Kate recebe uma carta de alguém que faz parte do seu passado e é novamente lançada para a mente distorcida de um assassino que conhece demasiado bem, vendo-se envolvida nos meandros de um caso que só ela poderá resolver.

Com um talento invulgar para entrar na mente criminosa, Kate recorre às suas prodigiosas e há muito descuradas competências de investigadora para enfrentar um caso cujo sucesso promete redenção. Mas há demasiado em jogo: não é só Kate que quer apanhar o assassino… ele também a quer encontrar.

Um thriller brilhante, misterioso e inteligente."

Críticas de Imprensa:
«Robert Bryndza é um génio e eleva o nível do género!»
The Quiet Knitter

Opinião:
"Mistério em Nine Elms" é a obra mais recente de Robert Bryndza, que em novembro deste ano veio agitar os livrólicos!! E eu... deixei-me levar pela promessa de um bom mistério!
eheheh!!! 
Ainda pensei começar por ler a "A Rapariga no Gelo", que conquistou os leitores e teve críticas muito boas, mas acho que até fiz uma boa escolha em ter começado por este.

Ok..confesso!! "Mistério em Nine Elms" deixou-me muito curiosa, porque pareceu-me um enredo com segredos ocultos, até porque na capa tem a seguinte frase "Ela tentou esquecer o passado. Mas ele voltou para a matar." Para os amantes de thriller's, nada como um "passado" para nos fascinar! É o género de frase que nos deixa completamente rendidos, e que nos "mata" a carteira. Ponto final!! :D

Ora bem, acho que devo começar por sublinhar que li o livro a uma velocidade vertiginosa! 
De uma forma geral, acho que está muito bem conseguido, tem um início muito bom, porque essencialmente consegue captar logo toda a atenção do leitor, e achei curioso porque começou com o desfecho de um crime que já se encontrava numa fase muito avançada e já era considerado também, como um caso mediático.
A meu ver, achei que as personagens estão bem trabalhadas, e que todo o cenário à volta delas encaixa na perfeição e dentro do género de um thriller policial.
O autor, ao longo da trama e sem qualquer quebra, consegue, e muito bem, descrever e transmitir ao leitor a tensão em que as personagens vivem, e o sentimento de redenção está bem presente em Kate.

A história de Kate é bastante comovente. Kate é uma mulher corajosa, que sofreu nas mãos da imprensa, acusada de ter mantido uma relação sexual com o assassino de Nine Elms.
Kate foi uma das vítimas de Peter, que tentou matá-la. Escapou com vida, mas viveu sempre sobrecarregada com esse peso "mediático", o que gerou que ela se tornasse sempre numa vítima. Um aspecto trágico da sua vida, foi o facto de se tornar alcoólica e acabou por perder o direito de ter o seu filho Jake junto dela. Um filho, que nasceu da relação que teve com o assassino. 
Um menino inocente, mas que, mesmo assim leva a que Kate pense que poderá existir a possibilidade de Jake ter os genes assassinos do pai.

Quanto a Peter, apesar das mordidas e do facto de Peter sentir satisfação em comer carne humana ser muito semelhante à eterna e inesquecível personagem de Hanibal Lecter, achei que foi uma personagem que marcou bem a sua presença nesta história, 
Ele foi "descoberto" logo no início, estava eu, como leitora, a conhecer a investigação levada a cabo por Katemesmo assim, conseguiu-me manter determinada em apurar as razões que poderiam ter levado Peter a transformar-se num assassino, e que tipo de compaixão poderia ter com Kate e com o filho.
Em boa verdade, deparei-me com uma dualidade nesta personagem, com um passado muito anormal e um instinto assassino, o autor pretendeu criar a dúvida, se existiria algo bom em Peter.
Dualidade essa que cai por terra no último capítulo, como não poderia ser de outra forma.

Já o "fã" de Peter, não me suscitou qualquer interesse em conhecer as suas motivações. Achei sempre que se tratava de uma personagem forçada. Talvez porque já adivinhava a história por detrás deste assassino que nada mais fez do que copiar os assassinatos de Peter, e ansiar por se tornar "conhecido".
Isto porque, para mim, perdeu um pouco originalidade, já que não foi a primeira vez que li sobre um/vários crime(s) cometido(s) por um jovem rico, com acesso a tudo através do dinheiro inesgotável da família, e que apenas tem como objectivo de chamar à atenção! 
Na minha opinião, se o "fã" de Peter, tivesse outra história para contar, e fosse motivado por outras razões, "O Mistério em Nine Elms" estaria perfeito e já o qualificava como um dos melhores do género. 

Mesmo assim apreciei a leitura!
E recomendo! 


Boas Leituras!

domingo, 17 de novembro de 2019

OPINIÃO! "Imortal", de José Rodrigues dos Santos

Autor: José Rodrigues dos Santos 
ISBN: 9789896169176
Edição ou reimpressão: 10-2019
Editor: Gradiva

Sinopse:
"Um cientista chinês anuncia de surpresa o nascimento de dois bebés geneticamente modificados. Logo a seguir é raptado. A imprensa internacional interroga-se, os serviços secretos mexem-se.

Tomás Noronha é interpelado em Lisboa por um desconhecido. Pertence à agência americana de tecnologia, DARPA, e revela-lhe um projeto secreto inspirado no Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci.

De repente, o apartamento onde ambos se encontram explode e o metro para onde fogem sofre uma colisão mortífera. O mundo parece enlouquecer e Tomás torna-se testemunha do maior acontecimento da história da humanidade.

Transcendência.

A nova aventura do grande herói das modernas letras portuguesas mostra-nos o momento em que a máquina supera o homem. A Singularidade.

Estará a humanidade à beira do fim?
Ou perante um novo início?

Baseado na pesquisa científica mais avançada, José Rodrigues dos Santos mostra-nos como a ciência está perto do seu maior feito: acabar com a morte.

Como viver para sempre

Imortal traz-nos o escritor favorito dos portugueses no apogeu do seu imenso talento. Uma aventura de cortar a respiração que nos desvenda o extraordinário destino da humanidade."

Opinião:
Imortal, é a mais recente obra de ficção do escritor português José Rodrigues dos Santos, com a qual nos presenteou no mês de Outubro deste ano.

É uma obra que aborda a inteligência artificial, e a revolução digital.

Uma das características deste escritor é a quantidade de informação que coloca nos seus livros. 
E já houve algumas obras (poucas) de José Rodrigues dos Santos, que devida à "injecção" de informação tornou-se aborrecido, e acabei por perder o interesse à medida que ia lendo. 

Ora, em Imortal, nada teve de enfadonho!!! Foi uma leitura tão agradável, e marcante ao mais alto nível.
Fiquei maravilhada!

Ao longo da leitura de Imortal, convivi com três personagens marcantes e significativamente inteligentes. O tão acarinhado "Tomás Noronha",o cientista americano "Kurt Weilmann" e o professor "Yao Bai", este último de nacionalidade chinesa.
No início do livro, Tomás Noronha enfrenta a realidade da doença da mãe, a qual tem vindo a agravar-se acentuadamente. O que leva que Tomás aceite que ela seja submetida a um novo tipo de medicina, uma medicina inovadora. 
Após esta conversa, sobre o estado de saúde da mãe de Tomás, que o Dr. Godinho apresenta-lhe o americano Weilmann.
E é a partir daí que inovação passa a ser a palavra de ordem neste livro, sempre com o alerta, que no futuro, essa inovação desmesurada possa tornar-se numa verdadeira revolução!

Pude acompanhar a conversa agradável entre Tomás e o americano, na qual Weilmann confirma a evolução gradual e assustadora da tecnologia que já nos rodeia, e controla!!! E mais!! Aquela que ainda nos espera!! E essa sim, é assustadora! 

Weilmann explica que no Centro Champalimaud, os computadores são altamente sofisticados. Já que, com a obsessão pela necessidade de obtenção de dados cada vez maior, quer sobre o estado dos pacientes, ou quaisquer estudos, técnicas ou procedimentos novos, a inteligência artificial pode ultrapassar os métodos tradicionais, e até a moral. Atingindo e ultrapassando os limites do progresso que se impunham pelo tempo, e pelo lento avanço pela aplicação do conhecimento humano.

Estamos a falar de um domínio da tecnologia sobre a capacidade humana! Até porque, sem seres humanos...não haveria erros. É o autêntico domínio das máquinas.

O autor lança questões muito pertinentes! 
Como por exemplo, se o erro humano significar um aumento de despesa/custos para as empresas, entende-se que devem apostar nas máquinas? E as implicações disso, são pacíficas?
O sustento do ser humano, poderá ser  colocado em causa por uma revolução tecnológica em massa?
E o que acontece naqueles filmes de "ficção científica"? Com carros movidos, por sei lá eu o quê, mas que levitam!! Tal poderá acontecer num futuro muito próximo???

E há mais questões, focadas essencialmente na realidade virtual que poderá afectar o quotidiano normal que conhecemos nos dias de hoje, que pode começar desde já com o domínio das empresas que são detentoras dos nossos "dados", e mais tarde (ou talvez mais cedo), pela ciborguização, a fusão do homem com a máquina e a tal "singularidade"...etc.

É de facto um livro magnífico, e o autor consegue passar a mensagem que pretende.

Claro que a leitura ganhou ainda mais emoção com o ataque do professor Yao Bai, em que a adrenalina é manifestamente muito maior, até porque Tomás tem também incorporado nele próprio, um capacete militar que lhe permite ter capacidade sobre humanas. (deixo esses pormenores para vós) :D

Nunca perdi o entusiasmo e achei muito interessante. 
Recomendo a leitura!! 

Boas Leituras!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

OPINIÃO! "Flores", de Afonso Cruz

FLORES
Autor: Afonso Cruz 
ISBN: 9789896658038
Edição ou reimpressão: 07-2019
Editor: Companhia das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 131 x 204 x 18 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 280


Sinopse:
"Uma história inquietante sobre a memória e o que resta de nós quando a perdemos. Um romance comovente sobre o amor e o que este precisa de ser para merecer esse nome."

Opinião:

Maravilhoso!!

É o segundo livro que leio deste escritor, e mais uma vez, fiquei maravilhada com a escrita e a essência da sua obra!
Foi em 2009 que descobri Afonso Cruz, através da banda dele "The Soaked Lamb", cujas músicas são extraordinárias, e também tive oportunidade de ver a banca ao vivo, quando estive em Lisboa, em 2010.

Não me canso de dizer que temos bons escritores portugueses! 
A literatura que Afonso Cruz nos oferece é pensada e é elaborada porque aborda a verdadeira essência humana, ao mesmo tempo que com a voz das personagens que nos dá a conhecer, desnuda verdades e sentimentos que com tanto esforço "se tentam esconder".

Em "Flores", conhecemos um homem... peculiar, um pouco neurótico e sobretudo, cansado da relação conjugal que tem com Clarisse. Esse cansaço  acaba por se transformar em repulsa e discussões, até que, inevitavelmente se ouve naquela casa... o "barulho do divórcio".

Enquanto isso, por coincidência ou não, o vizinho Sr. Ulme, começa a fazer parte da vida desse homem, e aos poucos surge uma empatia e amizade entre eles, sobretudo devido à preocupação da personagem principal com esse "velho".
E é através dessa preocupação, que o escritor chama a atenção do leitor para a verdadeira natureza dele, isto porque, em boa verdade, ele procura o bem estar do Sr. Ulme, sem pedir nada em troca. 
No fundo é um livro de uma simplicidade, mas ao mesmo tempo tão cheio de significado, porque utiliza dois homens de gerações diferentes, e que por "obra do destino" se ajudam mutuamente, de uma forma altruísta!

Apesar de existir alguma dureza na obra e no que é transmitido pelo escritor, certo é, que Afonso Cruz chama a atenção para a necessidade de estarmos atentos ao que se passa à nossa volta, e fá-lo com uma leveza e imaginação espantosas.
Afonso cruz escreve sobre a vida...com a sombra dos medos e da morte.

Boas Leituras!

domingo, 18 de agosto de 2019

OPINIÃO! «A Metamorfose», de Franz Kafka

Autor: Franz Kafka 
ISBN: 9789896603069
Edição ou reimpressão: 09-2013
Editor: BIS
Dimensões: 124 x 188 x 5 mm 
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 96

Sinopse:
"«Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua cama, metamorfoseado num monstruoso insecto.»
É assim que começa A Metamorfose, uma das mais emblemáticas obras de Franz Kafka. Nesta narrativa, o autor recorre à terrível metamorfose física e ao desespero da personagem para abordar os temas transversais a toda a sua obra: o comportamento humano, a impotência perante o absurdo e a frustração provocada por uma sociedade opressora e burocrática."

Opinião:
A Metamorfose, do autor Franz Kafka começa da seguinte forma «Certa manhã, ao acordar após sonhos agitados, Gregor Samsa viu-se na sua cama, metamorfoseado num monstruoso insecto.» Tudo indica que o filho homem do casal Samsa, e também o único que providencia o sustento da família, esteja perante uma transformação, passando da forma humana, para presumivelmente, uma barata. 
Ora, tal acontecimento assombroso e aberrante, tem inúmeras consequências. No entanto, a primeira preocupação de Gregor é tão só, o facto de não ter ouvido o despertador, ou seja, está a faltar ao trabalho!!!! O que, aos olhos do patrão, Gregor deixa de ser um bom colaborador e passa, imediatamente, a ser irresponsável e fraco trabalhador. 

Ainda assim, e como se fosse um criminoso, Gregor esconde-se no seu quarto, devido à metamorfose e sempre na expectativa de retomar a sua forma humana.
Mas a verdade é que tal não se verifica, ao ponto de ser obrigado a revelar aos seus familiares, essa forma de insecto que adquiriu. Revelação essa que provoca a agitação na casa dos Samsa, e os maiores receios de Gregor tornam-se bem reais, já que aquela forma de insecto é permanente, o que causa dor, repugnância e até escárnio aos olhos de quem o vê, principalmente da parte da família dele.
Gregor, ganha assim um novo aspecto, e com isso, perde por completo a dignidade humana.

A família de Gregor também tem um papel importante, pois revelam claramente as contradições das relações humanas enquanto partilham a mesma casa com um insecto, mas acima de tudo e na minha opinião, o papel principal destes é o egoísmo.
Ao nível financeiro, Gregor era sobrecarregado para providenciar o sustento da família. No entanto, quando Gregor passa a ser um insecto inútil na vida deles, surpreendentemente também estes se transformam, e assumem, todos eles, uma atitude de empenho e dedicação para trabalhar e sustentar a família.

Com alguma ironia e através de metáforas, o autor aborda a dignidade humana, mas de uma forma tão nua e crua que até dói! Consegue facilmente narrar a angustia de Gregor e o medo que este adquire à família que o odeia, porque Gregor já não tem qualquer utilidade para eles. E é esse ódio que incomoda a quem lê.  Apesar do medo sempre presente até ao fim, esta personagem também assume uma posição de culpa, por ter rompido a rotina e se transformar num fardo para os seus entes queridos.

Supostamente o direito à dignidade humana prevalece até ao fim dos nossos dias, mas a verdade é que há casos em que não é bem assim, e muitas vezes o enfermo ou incapaz, é considerado como um fardo. Esta questão está bem presente na obra de Franz Kafk, de uma forma directa e gritante.

A Metamorfose é um livro tão pequeno, tão frágil, mas tão poderoso!! 

A leitura torna-se lenta porque cada frase, cada parágrafo... provoca dor. Sim dor!! É um livro que nos marca, sem qualquer trégua! 

Como é possível que um livro tão pequeno tenha um significado tão grande??? A verdade é que todos deveriam ler, devido à magnitude do mesmo. 

Boas Leituras!

domingo, 19 de maio de 2019

OPINIÃO! «Segredos Obscuros», de Hjorth & Rosenfeldt

Segredos Obscuros
Série Sebastian Bergman - volume 1
Autores: Michael Hjorth e Hans Rosenfeldt 
ISBN: 9789898775535
Edição ou reimpressão: 07-2015
Editor: Suma de Letras
Dimensões: 149 x 229 x 36 mm 
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 544
Classificação Temática: Policial e Thriller

Sinopse:
"Sebastian Bergman é um homem à deriva. 
Psicólogo de formação, trabalhava como profiler para a polícia e era um dos grandes especialistas do país em serial killers. Perdeu tudo quando o tsunami no continente indiano lhe levou a mulher e a filha. 
Tudo muda com uma chamada para a polícia. 
Um rapaz de dezasseis anos, Roger Eriksson, desapareceu na cidade de Västerås. Organiza-se uma busca e um grupo de jovens escuteiros faz uma descoberta macabra no meio de um pântano: Roger está morto e falta-lhe o coração. 
É o momento de Sebastian se confrontar com um mundo que conhece demasiado bem. 
O Departamento de Investigação Criminal pede ajuda a Sebastian. Os modos bruscos e revoltados de Sebastian não impedem a investigação de avançar. E as descobertas sobre a escola que Roger frequentava são aterradoras."

Críticas da Imprensa:
«A melhor exportação do crime sueco
Die Welt (Alemanha)

«Um thriller extraordinariamente inteligente
De Telegraaf (Holanda)

«A melhor estreia sueca desde Larsson…»
Kristianstadsbladet (Suécia)

«Eficaz, bem escrito e perfeito
Politiken (Dinamarca)


Opinião:

Que livro extraordinário! 

É o primeiro volume da Série Sebastian Bergman e tive a sorte de adquirir a edição limitada, que é um livro mais pequeno e de capa dura. Actualmente, na edição portuguesa, a série é composta por cinco volumes, "Segredos Obscuros", "O Discípulo", "O Homem Ausente", "A Menina Silenciosa" e "O Castigo dos Ignorantes".

"Segredos Obscuros" é um livro excepcional. É um policial arrebatador cuja escrita revela-se como uma aliada e poderosa ferramenta para leitor. Para mim foi impossível largar o livro enquanto não cheguei ao final!! E mesmo assim, fiquei surpreendida ao ponto de, ao acabar de ler a última frase ficar com uma vontade imensa de recomeçar a ler o livro!

Neste primeiro volume é-nos apresentado Sebastian Bergman, uma personagem que nos irá acompanhar ao longo da série, por isso mesmo neste volume não ficamos a conhecer totalmente Sebastian, mas... o pouco que é descrito sobre ele, é o quanto basta para criar um mistério à sua volta e despertar a nossa curiosidade.

Na minha opinião, os pormenores, as reviravoltas e a frustrações das personagens, tornam o livro muito realista. Razão pela qual, senti uma constante ansiedade em querer chegar o mais rápido possível ao desfecho de um caso policial, que inicialmente parecia tão banal.

Nesta obra também são abordadas e esmiuçadas várias questões ao nível pessoal, principalmente no que diz respeito às relações pais/filhos. Cheia de enredos psicológicos, toda a envolvente é marcada pelos desprezo, como também pelo desespero.
Por isso mesmo, achei que é uma transposição fiel da vulgaridade e da fragilidade humana.

Aprecio imenso livros policiais!! Isto porque, ao longo do livro o assassino grita, mas não tem voz, e só nos apercebemos disso no final!!!

E no final???....Será que a moralidade ganha???

Não há dúvidas de que irei ler todos os livros desta série!

Boas Leituras!

sábado, 27 de abril de 2019

OPINIÃO! "Hotel, os Bastidores", de Inês Brasão

Autora: Inês Brasão 
ISBN: 9789898838933
Edição ou reimpressão: 02-2017
Editor: Fundação Francisco Manuel dos Santos
Dimensões: 129 x 198 x 9 mm 
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 120


Sinopse:
Este livro retrata o quotidiano de um hotel pelo lado menos visível.

Através dos bastidores do serviço percorremos histórias sobre o trabalho, os clientes, os tiques, as peripécias, os medos, o cansaço e o encanto, a exigência, as brincadeiras, as técnicas, o passado e o presente, os turnos, as tarefas e as folgas. 

Neste livro, a escala microscópica da vida de um hotel estará em diálogo com a escala maior, para entender o país a partir desta área de actividade, cada vez mais imponente e presente no quotidiano.


Opinião:
É certo que um hotel pode ser utilizado pelos hóspedes, por diversos motivos,  quer seja turismo e lazer, viagem de trabalho, conferências ou até mesmo encontros amorosos.
Mas parece-me a mim, que sempre que utilizamos os serviços de um hotel, dá a sensação que entramos num mundo demasiado perfeito, onde tudo corre dentro de um ambiente controlado, sem preocupações. Um mundo artificial...mas que apesar disso, é agradável!

Neste livro, Inês Brasão levanta o pano e ultrapassa a barreira cliente-hotel. Este "contraste entre o palco e os bastidores" é feito através da descrição de situações cheias de graça que surgem no dia-a-dia dentro de um hotel. Mas também desvenda a perturbação e realidade laboral de quem trabalha na hotelaria.

Ora, a hotelaria é um mundo no qual prevalece o stress, disso não há dúvidas! Quem trabalha nesse mundo, tem uma carga horária excessiva, para além de que é um trabalho duro e que cria ansiedade... porque não pode existir erro humano!

Numa primeira abordagem, a escritora enumera alguns relatos curiosos de episódios com hóspedes, alguns deles bastante cómicos, outros extravagantes e ainda, alguns que parecem surreais. Mas também descreve como funciona ao nível do "ambiente físico e humano", tais como aspectos que envolvem a gestão, instalações, inovação, marketing, etc.

Depois acaba por abordar o grau de exigência e a resistência dos trabalhadores, que chegam a ser extremos! Alguns dos episódios aqui retratados passam pelo espírito de camaradagem versus ostracização dos colegas. E a dedicação para obter a máxima eficiência contrabalança com a correria e o cansaço, a perda de controlo é o alerta máximo, o chamado "lodo".

Trata-se de uma leitura que proporciona algum conhecimento do universo da restauração e da hotelaria.
Fiquei bastante envolvida na leitura, e achei que Inês Brasão teve um bom desempenho, quer na escrita como na mensagem que pretende passar ao leitor.

Boas Leituras!

domingo, 21 de abril de 2019

OPINIÃO! «Foi Sem Querer Que Te Quis», de Raul Minh'Alma

Autor: Raul Minh'alma 
Edição ou reimpressão: 11-2018
Editor: Manuscrito Editora
Páginas: 312

Sinopse:
"Quando menos esperamos a vida traz-nos aquilo que tentamos rejeitar. Como era possível Beatriz ter-se apaixonado, sem querer, por Leonardo? A primeira impressão que teve dele foi a pior possível. Era um jovem rico, mal-educado e mimado. Tudo o que mais desprezava em alguém. No entanto, o avô de Leonardo, um homem sábio e profundo conhecedor da vida, viria a aproximá-los.

Ao perceber a necessidade de Beatriz em reencontrar o caminho da felicidade depois de várias desilusões amorosas, ele promete dar-lhe a receita para ser feliz no amor. Um segredo escrito e guardado num envelope que ela só poderia abrir depois de cumprida uma tarefa: ajudar Leonardo a fazer as pazes com o seu passado e a tornar-se uma pessoa melhor. O que Beatriz não sabia é que esta missão iria transformar a sua própria vida para sempre.

Foi sem querer que te quis é o romance de estreia de Raul Minh’alma, autor bestseller de Larga quem não te agarra e Todos os dias são para sempre.

Uma história arrebatadora, que nos prende da primeira à última página e que redefine o significado de amor que tínhamos até hoje."


Opinião:
Não sei o que pensar...se este livro veio em boa hora, ou se pelo contrário...veio na hora errada, com o propósito de confundir a minha cabecinha!!! Não digo isto no sentido pejorativo, mas como uma crítica bastante positiva. 
Trata-se de facto de um livro que nos faz pensar, mas acima de tudo, obriga-nos a ponderar os nossos actos, aquelas atitudes diárias e impensáveis, mas que se vão acumulando e resultam em mágoas e traumas...a eterna bagagem que carregamos enquanto avançamos nas relações interpessoais...

Confiar é uma tarefa que não é fácil...é um comportamento que se torna difícil de manter, sobretudo depois de sofrermos e sermos magoados.
Neste livro não está a resposta para a felicidade de quem tem uma bagagem cheia e para quem se fecha para o afecto, mas está a mensagem principal, que é a de guiar uma alma sofredora. 
Deixar entrar alguém na nossa vida, baixar as barreiras é algo muito doloroso  e que se faz a medo, mas "Foi Sem Querer Que Te Quis" demonstra que poderá existir algo bom nisso, e que, por outro lado, se fecharmos o coração aos sentimentos maus, os bons nunca vão entrar.

Nesta senda, fui lendo cada capítulo com uma nova determinação. Confesso que cheguei a ter raiva de tanta determinação da personagem que nos "guia", mas Beatriz diz as coisas certas, na hora certa.
Fazer as pazes com o passado, é algo que muitos de nós julgamos que devemos fazer... mas daí até ter uma Beatriz a ajudar nesse caminho, é outra conversa.

Considero uma obra que todos devem ler,
Disso tenho a certeza, mesmo que se possa ter uma relação de amor-ódio durante a leitura, certo é que no final, tudo (ou pelo menos, grande parte) fará algum sentido.

Admitir, aceitar e ultrapassar. 
Então é este o ciclo da vida??? 
A maior parte do tempo, fazemos tudo ao contrário, atropelamo-nos com a ansiedade de chegar ao fim, de parar de sofrer por causa do medo...

De facto, é um livro que passa uma mensagem muito boa.

Boas Leituras!

terça-feira, 5 de março de 2019

OPINIÃO! «Dama de Espadas», de Mário Zambujal

Dama de Espadas
Autor: Mário Zambujal 
ISBN: 9789898452047
Edição ou reimpressão: 10-2010
Editor: Clube do Autor



Sinopse:
"Com o seu admirável ritmo narrativo e clareza de escrita salpicada de humor, Mário Zambujal apresenta-nos Eva Teresa, garota de onze anos, e Filipe, rapaz de dezoito, que namora com a irmã, Rosália. Há uma grande empatia entre a pequena e o futuro cunhado, mas a vida afasta-os com a viagem da família para o Brasil. Eva torna-se mulher e Filipe acaba por se apaixonar por ela, levando-o a viajar ao seu encontro. Entre episódios imprevisíveis que enlaçam mistério e comicidade, ambos só se reencontram em Sintra onde iniciam um romance atribulado. 
No seu estilo inconfundível, Mário Zambujal traz-nos uma obra em que se aliam a vontade de saborear cada passo da trama e o prazer da leitura."


Opinião:
Já me habituei à "terapia" dos romances de Mário Zambujal, os quais tenho imenso prazer em ler, principalmente devido aos malandros que pisam as suas histórias.
Só que, desta vez fiquei admirada com este "malandro" de nome Filipe.

Na sinopse promete um enredo do género amor improvável, ,mas acaba por se revelar uma autêntica novela, a qual me agradou imenso, e isso verificou-se pelo facto de ter devorado o livro em poucas horas. 
É que também na sinopse afiança o seguinte "Só nas últimas páginas os leitores ficarão a conhecer o desfecho de uma história fértil de surpresas". Ora!!! Como poderia eu adormecer sem saber qual das mulheres iria usar a gargantilha de safiras, comprada por Filipe e a qual fez uma viagem de ida e volta ao Brasil sem, no entanto, ter pousado no pescoço de Eva Teresa???!!!!

Esta história faz-me lembrar um episódio pessoal e muito recente, sobre a minha prenda de natal, pois também se revelou uma história mirabolante e cheia de graça!!!

Com muito humor, Mário Zambujal dá asas à imaginação sobre o corropio de energia masculina!! 

Boas leituras!

OPINIÃO! «As Flores Perdidas de Alice Hart», de Holly Ringland

Autora: Holly Ringland 
ISBN: 978-972-0-03062-7
Edição ou reimpressão: 09-2018
Editor: Porto Editora
Encadernação: Capa mole 
Páginas: 400


Sinopse:
"Um romance sobre as histórias que deixamos por contar e sobre as que contamos a nós próprios para sobrevivermos.

Alice tem nove anos e vive num local isolado, idílico, entre o mar e os canaviais, onde as flores encantadas da mãe e as suas mensagens secretas a protegem dos monstros que vivem dentro do pai.

Quando uma enorme tragédia muda a sua vida irrevogavelmente, Alice vai viver com a avó numa quinta de cultivo de flores que é também um refúgio para mulheres sozinhas ou destroçadas pela vida. Ali, Alice passa a usar a linguagem das flores para dizer o que é demasiado difícil transmitir por palavras.

À medida que o tempo passa, os terríveis segredos da família, uma traição avassaladora e um homem que afinal não é quem parecia ser, fazem Alice perceber que algumas histórias são demasiado complexas para serem contadas através das flores. E para conquistar a liberdade que tanto deseja, Alice terá de encontrar coragem para ser a verdadeira e única dona da história mais poderosa de todas: a sua."


Opinião:
As emoções ao ler As Flores Perdidas de Alice Hart foram devastadoras! Recordo-me que um livro que em tempos me provocou tal apego, foi O Estranho Mundo de Garp, de John Irving, desde aí que sempre foi o meu livro preferido. E agora, para meu espanto, deparo-me com uma obra que se revelou muito especial para mim.

A personagem principal é Alice Hart, com a qual foi muito fácil de criar uma empatia, tal a força interior desta menina que mais tarde, depois da morte dos pais, se torna uma mulher domada pela vontade de amar e de pertencer a alguém a quem possa chamar de família, e encontrar "a sua casa".
A força que nos transmite é enorme, pela sua vontade de viver e de amar, e  tem apenas como recursos a literatura, o seu amor e as flores.

A autora consegue chocar o leitor logo nas primeiras páginas, de tal forma que, através dos olhos inocentes de uma menina de nove anos, é possível ver a dureza da violência humana, na pessoa do pai de Alice, um homem instável e violento, para duas mulheres inocentes.

Esta história é equilibrada entre a violência insaciável e incontrolável (no caso do pai de Alice e mais tarde de Dylan, o namorado de Alice), com a vontade e força de amar incondicionalmente, apesar do medo que teima em apertar o coração de Alice.
Esta dualidade é arrebatadora ao longo da leitura, e chega a ser dolorosa.

As Flores Perdidas de Alice Hart, conquistou-me por se tratar de um livro implacável e poderoso.


Boas Leituras!