domingo, 22 de fevereiro de 2015

OPINIÃO! «Perry Mason: O Caso da Rapariga Caprichosa», de Erle Stanley Gardner

Autor: Erle Stanley Gardner
Edição/reimpressão: 2004
Páginas: 224
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724136806
Coleção: Obras de Erle Stanley Gardner

Sinopse:
"Frances estava habituada a fazer tudo o que queria. A sua reacção não foi pois a melhor quando soube que, de acordo com os termos do testamento do pai, estava impossibilitada de casar antes de perfazer vinte e cinco anos. Caso o fizesse seria imediatamente excluída do testamento. A jovem contrata então Perry Mason com o objectivo de invalidar a cláusula, não obstante os termos rígidos em que estava redigida e que garantiam ao seu tio um poder absoluto sobre a fortuna até ao dia desse ainda distante aniversário. Mas o documento continha um vazio legal – se o tio morresse antes dessa data, Frances ficaria com todo o dinheiro. Daí que a morte dele lhe cause uma enorme alegria – até ao momento em que dá por si no papel de principal suspeita…"

Opinião:
Perry Mason, Perry Mason... Confesso que não conhecia! Nem a série, vejam lá!!!!

Mas que maravilha de literatura... cativante logo nas primeiras páginas, prende durante toda a narração e com um final capaz de nos surpreender.
Inteligente é pouco para descrever semelhante obra.
Fiz imensas conjecturas sobre o possível desfecho e tornou-se notório que quando tudo parece estar perdido, Perry Mason aborda logo outra perspectiva impensável e demasiado relevante para ser colocada de parte.

Uma obra que nos aprisiona, com uma das personagens mais distintas e genuínas que tive o prazer de ler.

Adquirir as restantes obras vai ser uma missão difícil, pode levar o seu tempo, mas hei-de conseguir!

Boas Leituras!

OPINIÃO! «Stoner», de John Williams

Autor: John Edward Williams
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 263
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722055567

Sinopse:
"Romance publicado em 1965, caído no esquecimento. Tal como o seu autor, John Williams - também ele um obscuro professor americano, de uma obscura universidade. 
Passados quase 50 anos, o mesmo amor à literatura que movia a personagem principal levou a que uma escritora, Anna Gavalda, traduzisse o livro perdido. Outras edições se seguiram, em vários países da Europa. E em 2013, quando os leitores da livraria britânica Waterstones foram chamados a eleger o melhor livro do ano, escolheram uma relíquia. 
Julian Barnes, Ian McEwan, Bret Easton Ellis, entre muitos outros escritores, juntaram-se ao coro e resgataram a obra, repetindo por outras palavras a síntese do jornalista Bryan Appleyard: "É o melhor romance que ninguém leu". Porque é que um romance tão emocionalmente exigente renasce das cinzas e se torna num espontâneo sucesso comercial nas mais diferentes latitudes? A resposta está no livro. Na era da hiper comunicação, Stoner devolve-nos o sentido de intimidade, deixa-nos a sós com aquele homem tristonho, de vida apagada. Fechamos a porta, partilhamos com ele a devoção à literatura, revemo-nos nos seus fracassos; sabendo que todo o desapontamento e solidão são relativos - se tivermos um livro a que nos agarrar."

Críticas de imprensa:
«É uma coisa ainda mais rara do que um grande romance - é o romance perfeito, tão bem contado, tão bem escrito, tão comovente que nos corta a respiração
New York Times

«Williams fez da vida de Stoner, tão repleta de desilusões, um retrato tão profundo e honesto, tão cru e despojado de romantismo, que silenciosamente nos corta a respiração
Boston Globe

Opinião:
Stoner é um livro que se destaca pela diferença e a meu ver, apresenta-nos a essência da vida de um professor amargurado. A obra retrata um homem de origens humildes que até aos seus últimos dias é perseguido pelo fracasso e pelas desilusões que a vida teima em lhe oferecer.
William Stoner é professor na Universidade de Columbia, no entanto o seu percurso profissional foi ditado pela sua personalidade inibida e aspecto tosco e curvado, apenas capaz de reencontrar algum sentido na literatura.

A obra tem uma escrita fabulosa mas, ao mesmo tempo perturba porque descreve um homem que idealiza a sua vida e após sonhar com as opções que pode tomar, demasiado romanceadas pelo próprio, acaba sempre por fracassar perante a mesquinhez humana.
A sua relação conjugal, como também a relação extra-conjugal e as suas amizades, são prova disso.

Boas Leituras!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

OPINIÃO! «A Revolta», de Clem Martini

Autor: Clem Martini
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 184
Editor: Quidnovi
ISBN: 9789728998554

Sinopse:
"Kalum ru Kurea ru Kinaar, um velho corvo de trinta e oito anos, é o narrador desta história e é pelo seu bico que nos é dado a conhecer um episódio que abalou a Família e que, por pouco, não causou a sua destruição. A Família inicia a sua viagem anual migratória em direcção à Árvore da Reunião, local onde há muito os vários clãs se encontram para discutir problemas que estejam a afectar a comunidade, para contar histórias aos mais novos ou mesmo para acasalar. Kalum faz-nos entrar num mundo fantástico que tem como personagens principais Kyp, Kym e Kuper, representantes de uma geração mais nova, mais inconsciente mas, ao mesmo tempo, mais corajosa. Kyp é o corvo destemido, o mais hábil a voar, mas também o mais irreverente. Kym é a figura feminina da história, um corvo mais sensato e curioso que faz a ligação com o ser humano. Já Kuper representa o lado mais solitário do corvo: quando toda a sua família foi morta pelos humanos, viu-se obrigado a aprender tudo sozinho, o que o tornou uma figura mais distante, mas muito importante para o desenrolar da aventura. A Reunião Anual é abalada quando um gato ataca uma cria e Kyp, sem consultar a Família, organiza uma Revolta para se vingar do felino. Como consequência deste episódio, Kyp é julgado e temporariamente afastado do grupo. Durante a sua ausência, Kuper e Kym acabam por ter contacto com ele e é por esta altura que começa a surgir entre eles uma espécie de triângulo amoroso. 
Como se não bastasse os clãs terem-se dividido em consequência do ataque ao gato, uma outra desgraça vem abater-se sobre a Família: um nevão que obriga a comunidade a abandonar a Árvore protectora e aventurar-se pelo mundo subterrâneo, um mundo proibido, onde vivem… gatos. 
Repleto de humor, sentimento e de acção, este livro não pára de nos surpreender, até porque tem um ritmo extraordinário, que nos faz querer ler sempre mais."

Críticas de imprensa:
"(...) este livro lê-se de uma só... penada." 
Teresa d'Ornellas

Opinião:
Hoje trago algo diferente, uma trilogia de literatura juvenil. 

Pena e Osso: As Crónicas do Corvo!
Um livro que nos conta as aventuras destes pequenos pássaros, cuja sabedoria e aventuras são contadas pelo corvo Kalum ru Kurea ru Kinaar, um velho corvo que se orgulha em agarrar os ramos das árvores com as suas patas, há sensivelmente trinta e oito primaveras.
Um corvo velho de penas negras como a noite e que convida os seus primos e a nós leitores, para nos aproximarmos e conhecermos a história de aventuras, sobrevivência e tenacidade da sua família, os corvos.

Kalum foi o Eleitor do bando, constituído por vários clãs. Ser Eleitor é uma tarefa que deve ser realizada por alguém capaz de tomar decisões rápidas em momentos difíceis, por isso o corvo Eleitor deve ser perfeitamente consciente das suas responsabilidades para com o bando, melhor dizendo, para com a família.
Em primeiro lugar está sempre a segurança do bando, a sobrevivência dos mais novos e a primazia por todos os elementos do bando seguirem as regras que lhes são ensinadas.
Os corvos são conhecidos por sobreviverem às dificuldades climatéricas, aos seus predadores e essencialmente aos seres humanos, devido ao estreito cumprimento pelas regras, ao nível de colaboração entre todos e também por agirem sempre acompanhados por mais elementos do bando, nunca sozinhos.

Cada corvo desempenha o seu papel na comunidade respeitando as regras e têm como principal preocupação a procura de comida junto da árvore que os acolhe. A presença de um líder e de um Eleitor é importante para os corvos, que encaram com naturalidade essa necessidade. Portanto, é fundamental ensinar e preparar outros corvos para os cargos de elevada responsabilidade que devem assumir, quando haja lugar a alguma fatalidade.

Mas os corvos têm mais para contar do que parece... têm uma Criadora que há muito lhes reservou um espaço para os acolher, uma árvore bela que lhes ampara as penas e patas para descanso e boa comida. Há muito, mas muito tempo esta Criadora puniu os corvos e retirou-lhes poder, pois estes foram ousados e em tempos quiseram mostrar aos humanos o seu poder.

Como podemos ver, os corvos têm muito que contar, mas é sobre Kyp, Kuper e Kym que este velho corvo nos convida a aproximar e conhecer a verdadeira história que levou à perda de um número elevado de primos.
São três corvos curiosos e aventureiros e cheios de tenacidade, que em muito têm para aprender como também para ensinar, e assumem um papel importante nesta história.

O constante perigo que o gato Ruivo lhes transmitia, uma reunião que afasta Kyp da sua família num período de oito dias demasiado longo para um corvo, a curiosidade sobre a vida dos humanos  e uma tempestade que abala a segurança do bando, gera uma divisão entre os elementos da família, como também coloca a nu os medos de quem menos se espera.

A sobrevivência, a responsabilidade e o espírito de sacrifício são postos à prova. E no meio disto tudo, a obstinação dos líderes pode ter um preço muito alto a pagar.

É uma obra carregada de significado, fácil de compreender e que nos motiva a analisar o que o autor nos pretende transmitir.

Boas Leituras!

OPINIÃO! «As Dez Figuras Negras», de Agatha Christie

Autora: Agatha Christie
Edição/reimpressão: 2003
Páginas: 192
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724132877
Coleção: Obras de Agatha Christie

Sinopse:
"Dez desconhecidos, que aparentemente nada têm em comum, são atraídos pelo enigmático U. N. Owen a uma mansão situada numa ilha da costa de Devon. Durante o jantar, a voz do anfitrião invisível acusa cada um dos convidados de esconder um segredo terrível, e nessa mesma noite um deles é assassinado.
A tensão aumenta à medida que os sobreviventes se apercebem de que não só o assassino está entre eles como se prepara para ir atacando uma e outra vez…
O que se segue é uma obra-prima de terror. À medida que cada um dos hóspedes é brutalmente assassinado, as suas mortes vão sendo “celebradas” através do desaparecimento de uma de dez estátuas, as “dez figuras negras”.
Restará alguém para um dia contar o que de facto se passou naquela ilha?

Em As Dez Figuras Negras, a Ilha do Negro, local sombrio e desde sempre povoado de mistérios, é palco de uma estranha e implacável forma de justiça, na qual as vítimas se encontram encurraladas pelas circunstâncias e o agressor é invisível e omnipresente. Na colecção das Obras de Agatha Christie iniciada por Edições ASA, este é o primeiro romance em que não figura nenhum detective ou personagem determinante para a (surpreendente) solução dos crimes."

Opinião:
No seguimento da entusiasmante leitura de novos personagens de Agatha Christie, lá fui eu escolher mais um livro da estante que se encontrava esquecido porque não tinha como personagem principal o tão amado Hercule Poirot.

As Dez figuras negras não tem qualquer personagem especial, mas o final surpreendente compensa essa "falta".
A história é interessante e não falta suspense. Depois da chegada à ilha as personagens começam a perceber que há alguma coisa que não está certa, há muita falta de informação sobre os proprietários, mas o verdadeiro pânico começa a instalar-se quando percebem que há uma ligação entre as mortes do convidados e a canção de embalar das "dez figuras negras".

Completamente isolados e à mercê de um assassino, as personagens tentam descobrir uma forma de sair da ilha ou de impedir mais mortes, mas estas tentativas revelam-se completamente em vão.

O medo dos convidados está instalado! 
Um a um, vão sendo assassinados como se tratasse de um presságio, impedidos de alterar o destino que lhes reserva.

Deixo aqui algumas curiosidades que encontrei no livro "Os Cadernos Secretos de Agatha Christie", de John Curran:

"Com a escrita deste livro, Christie propôs a si própria um desafio, e na sua Autobiografia escreve como a dificuldade da ideia central a atraiu: «Tinham de morrer dez pessoas sem que isso parecesse ridículo. Escrevi o livro depois de um longo e cuidadoso planeamento (...) Era claro, directo, desconcertante, e, no entanto, tinha uma explicação perfeitamente razoável (...) a pessoa que ficou verdadeiramente satisfeita com o livro fui eu própria, porque sabia melhor do que qualquer crítico como tinha sido difícil.»

"Quando a Collins começou a anunciar As Dez Figuras Negras na Booksellers Record, em Julho de 1939, chamou-lhe, muito simplesmente, «a melhor história que Agatha  Christie alguma vez escreveu». Mas o artigo que publicaram na Crime Club News provocou a ira da autora, que, a 24 de Julho, escreveu de Greenway House a William Collins, a protestar. 
Achava que era revelada uma parte excessiva da intriga, fazendo notar que «qualquer livro fica arruinado quando se sabe exactamente o que vai acontecer do princípio ao fim». E inclui na sua carta uma ameaça velada ao recordar a Collins que está a preparar-se para assinar um contrato para mais quatro livros e poderá não estar disposta a fazê-lo se não lhe forem dadas garantias de que tamanho erro não se repetirá. 
Não obstante a Collins declarar que se tratava «certamente da melhor história policial que o Crime Club alguma vez publicou e estamos convencidos que o mundo irá considerá-la a  mais fabulosa história de policial de todos os tempos», incluíam demasiadas revelações. 
É muito óbvio aquilo a que Christie se refere. A editora fala da ilha, da rima, das figuras de louça que desaparecem, da compreensão de que o assassino se encontra entre os convidados e, pior de que tudo o mais, do facto de o último a morrer não ser necessariamente o vilão. A nossa simpatia vai toda para Agatha Christie; a única coisa que omitem é o nome do assassino."

Boas leituras!