quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OPINIÃO! "Gandarilhos de Napoleão", Silvério Manata

Autoria: Silvério Manata
Temas: Guerra Peninsular, Literatura Portuguesa e Ficção
Preço: 15,00 €
Ano: 2013
N. páginas: 261
ISBN: 978-989-689-246-3 

Sinopse:
"As invasões francesas foram um dramático episódio que se abateu sobre Portugal e os portugueses há precisamente duzentos anos. O Autor envolve- nos, através desta obra, não apenas no sacrifício brutal dos portugueses durante esse período, mas, também, na reflexão sobre parte das tropas francesas, em que muitos jovens eram retirados da pacatez das suas famílias e aldeias e forçados a integrar o exército Napoleónico que invadiu a Península Ibérica. Com este romance histórico, Silvério Manata, embora abarcando uma tragédia universal – o conflito e o desentendimento dos homens e das nações – aproveitou a realidade histórica, que fez da Gândara o cenário efectivo de uma parte dos acontecimentos, para se manter fiel à matriz cultural, da qual tem sabido extrair os ingredientes da sua saborosa escrita e divulgar, ao longo da sua original carreira literária, a identidade singular de um povo que teima em manter traços indeléveis do seu rico património imaterial."

Opinião:
O autor começa por apresentar a personagem Jacques, o frade, que julgava estar protegido pelo hábito branco que usava, temendo apenas que a igreja fosse vandalizada. Contudo, acabou por ser apanhado pelos homens de Napoleão, que em nome do Imperador o fazem soldado. Em 22 de Fevereiro de 1809, passou a usar umas vestes desconfortáveis que não o protegiam do frio.

Também Coquin pensava encontrar-se seguro e longe dos campos de batalha, mas certo dia viu os seus receios tornarem-se realidade, quando na aldeia foi lido um edital em voz alta, "por decreto imperial, o Ministério da guerra convocava para defender e expandir as cores nacionais, todos os mancebos com a idade de dezoito anos." E o castigo para a desobediência das ordens de Napoleão: a pena capital!

O Frade, Coquin e Cadet, os mais recentes desafortunados, convocados por Napoleão, espelhavam o medo que lhes ia na alma, com a possibilidade de serem feridos em combate e terminarem a sua vida numa imagem angustiante de um corpo a boiar numa poça de sangue.

Desertar seria uma possibilidade?
A realidade era dura, apesar das palavras do Imperador que apelavam a glória, honra e grandeza. Os homens ao serviço de Napoleão encontravam-se sob condições indignas, mal treinados e a maioria analfabetos.

O autor encarrega-se e bem de descrever o desespero das personagens, camaradas sob as ordens de Napoleão, "o marechal da pressa", numa batalha que tem como pano de fundo "o silêncio de chumbo".
As descrições sobre a vida dos soldados por vezes são duras, na certeza de que os mesmos encontravam-se oprimidos, sem esperança e acometidos a uma dureza carregada de parasitas e silêncio de dor.

Gandarilhos de Napoleão revelou-se uma leitura interessante, surpreendente e de escrita sublime.

Para quem gosta de livros sobre a guerra e as adversidades que os soldados viviam, desmoralizados com a sina de marchar, é uma obra a ter em conta.

Boas leituras!

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